sábado, 30 de setembro de 2017

Txakpay: O Planeta Oceânico

DESAFIO MAR DE TINTA • GRUPO CANETA TINTEIRO

Olá pessoa curiosa! Estou escrevendo este diário aproveitando o tempo que ainda falta para chegar em Txakpay, porém não quero escrever os detalhes entediantes do percurso, seria contraditório e irônico por isto ser a minha motivação para querer distrair minha cabeça com outras coisas. Quero mesmo é contar as particularidades (com exceção de datas, como meu professor de história dizia “hoje em dia o importante é saber os fatos, não decorar datas”) do incrível encontro que irá acontecer, como se alguém que está completamente por fora do assunto fosse ler! É estranho, mas sinto como se estivesse escrevendo para alguém de outra dimensão, por isso me sinto na obrigação de deixar tudo “mastigadinho” haha
É difícil de acreditar, estou super nervosa para chegar lá. Este vai ser o primeiro contato direto dos seres de vida inteligente desse planeta conosco, seres humanos. Só não digo que é um contato entre terráqueos e txakpayanos porque metade da tripulação vem de colônias terrestres, inclusive eu. Já nos comunicamos antes por meios diferentes, acho incrível como isso aconteceu mesmo nossas tecnologias sendo tão diferentes!
Obviamente, não é só a tecnologia que diferencia, praticamente tudo é diferente, por começar que o povo de lá vive dentro da água. Txakpay é 96% é coberta por água (sendo que esta mistura é um pouco diferente das encontradas na terra) e os 4 % restantes são geleiras (que tecnicamente também são água, em estado sólido). Ou seja, na prática não há terra firme, os hemisférios deste planeta são apenas os  polos. O processo de formação dele foi distinto do planeta de origem dos seres humanos, contudo, ambos planetas tiveram as condições específicas para o surgimento da vida.
Falando nesta vida, os seres inteligentes de lá que nos contataram aparentam ser bem amigáveis. Eles são seres subaquáticos e se dividem em duas espécies (sim, com códigos genéticos distintos) que vivem pacificamente hoje em dia, mas segundo o que nos contaram, já houveram muitas guerras entre eles. Elas ainda são bem separadas e há certo preconceito aparentemente, porém, os pactos de compartilhamento de tecnologia e as negociações de mercado fazem a paz prevalecer.
O que temos de informações sobre as duas espécies é que ambas são ótimas nadadoras, porém se locomovem de forma diferente. Mesmo que as duas tenham tentáculos, a espécie Ango tem um corpo mole e vários tentáculos lisos, é como se fossem polvos com pele semelhante a de sapos, sendo o tamanho deles semelhantes ao dos humanos; já os Tsyl tem uma quantidade menor de tentáculos e tem escamas pelo corpo todo deles, no geral são bem altos, tem uma média de dois metros e meio de altura. Pelo que nos foi dito, os Ango escravizaram os Tsyl por um bom tempo. Apesar das características físicas superiores dos Tsyl, os Ango sempre tiverem tecnologia mais desenvolvida, por isso estiveram em vantagem. Depois de uma grande revolta, as espécies se separaram em partes diferentes do planeta e, depois de muitos anos e guerras, se uniram novamente, mesmo que ainda tendo territórios separados.
Já estamos chegando lá, creio que detalhes maiores poderei contar quando já estiver por lá! Vamos pousar as naves em estruturas que eles prepararam especialmente para nós, afinal é preciso um lugar fixo deixarmos as naves e não teríamos como ancorá-las, pela profundidade das águas. Além disso, as ondas são bem fortes por lá, visto a quantidade de água, mesmo o local escolhido sendo favorável por ter um mar mais estável. Agora é hora de realizar as tarefas do procedimento de pouso, acho que só terei tempo de escrever quando já tiver chego lá.


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Uma viagem de grande expectativa
Quebrada de forma definitiva
Ao encontrar a população nativa
Que não foi nem um pouco receptiva
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Finalmente um tempo para “escrever” (na verdade ditar, o meu traje registra por escrito em um arquivo via reconhecimento de voz), creio que em cárcere todos tem tempo para isso. Assim que pousamos na estrutura, um grupo radical iniciou um ataque, todos os integrantes estavam vestindo uma armadura, mas pelo tamanho e forma pareciam ser Tsyls.Rapidamente mataram todos os guardas de nossa tripulação, a maioria pelas costas para que não pudessem reagir (usaram um tipo de lança retrátil muito afiada e resistente), e cortaram a nossa comunicação com a nossa base. Além de tudo isso, nós fomos rendidos e jogados em seus veículos (já havíamos visto eles pelas informações trocadas entre Txakpay e os humanos, porém é impressionante ver um pessoalmente), mal tivemos tempo de vestir nossos trajes feitos especialmente para sobreviver neste planeta. Por sorte estes trajes processam o ar e transformam em ar respirável, além da bateria deles durarem meses.
Depois de ficarmos um tempo por aqui, um dos líderes do grupo radical veio falar conosco, ele era um Tsyl aparentemente bem velho. A média de vida das espécies de Txakpay é bem acima da dos humanos, porém, eles também sofrem envelhecimento devido a presença de oxigênio na água daqui. Logo ele iniciou seu discurso, por sorte tivemos que aprender as línguas deste planeta antes de vir para cá e compreendemos o que ele disse:
-- Agradeço a presença de vocês aqui neste planeta, ela marcará uma grande revolução, saibam que este mundo precisa ser destruído para se renovar. Não podemos gerar a destruição, não temos poder para isso, então nos basta dar motivos para ela acontecer, esperar que aconteça e aproveitar para moldar o mundo posterior. Nosso objetivo é extinguir os “tentacolengas” que nos escravizaram por tanto tempo e criar um novo mundo com apenas Tsyls, e para isso, vamos usar o poder de fogo de sua espécie. Não me interpretem mal, mas isso é apenas uma reação aos eventos históricos deste planeta, isto será apenas uma nova fase onde um povo oprimido deu a volta por cima. Portanto, primeiramente, peço desculpas pelos seus guardas mortos, se não o fizéssemos eles reagiriam a nosso ataque e os planos iriam “por ar acima” Assim, o que pedimos a vocês é colaboração, serão recompensados de nos ajudarem e, além disso, os humanos serão eternamente nossos aliados, poderão explorar recursos deste planeta livremente. Então, o que me dizem, poderão colaborar com nossos planos pacificamente? Só será necessário convencer os outros de sua espécie quanto a vilania dos Ango na história deste planeta, caso recusem, saiba que temos um plano B, apenas estou tentando fazer as coisas mais fáceis para ambas as partes.
-- Mas é claro que… - ia dizendo o Capitão Mone quando o interrompi.
-- Vamos pensar. Precisamos de tempo e privacidade para discutir o caso, você poderia deixar nossa equipe a sós para isso?
-- A vontade, pensem com carinho, uma resposta negativa acarretará em um péssimo destino para vocês.
Assim, após ele deixar a sala de confinamento, começamos a discutir. Estávamos em quatro, a tripulação inicial era de seis pessoas com os guardas, ambos engenheiros militares, foi uma pena perdê-los. Na discussão, tínhamos o Capitão Mone, piloto da nave; Evelyn, especialista em relações interespaciais; Talos, gerente de viagens espaciais; e eu, Rafaella, analista de tecnologias e infraestrutura extra-humana (ou, vulgarmente dito, “alienígena”). Tivemos que falar na língua deles agora a pouco, é até estranho voltar a comunicar em nossas línguas humanas (infelizmente nem todos aqui falam as mesmas línguas) agora.
-- Vocês estão loucos, nos sobrepujar aos planos de um grupo terrorista?! Viemos aqui em uma missão de paz! - Capitão Mone estava me exaltado com a situação.
-- Não temos muita opção, quer ser morto em terra “alienígena”? Já basta nossos companheiros que morreram agora a pouco. - Já Talos parecia bem mais preocupado em sair vivo daqui, independente das circunstâncias.
-- Sinceramente, eu prefiro morrer a deixar esses caras completarem os planos deles. - repondeu Mone.
-- Gente, não podemos simplesmente deixar um genocídio de uma espécie acontecer, principalmente com os humanos sendo manipulados para fazer o trabalho sujo. - as palavras de Evelyn eram bem mais sensatas do que as dos dois
-- Além disso, provavelmente o tal “plano b” deles vai concluir os os objetivos deles mesmo sem a nossa colaboração, aparentemente ele só nos manteve vivos para facilitar as coisas. Eu creio que eles planejam forjar provas para os humanos incriminando os Argo pelo ataque e gerando uma “guerra”, sendo que os Tsyl sairiam ilesos e ainda se passariam por aliados dos humanos. - completei os pensamentos da Evelyn.
-- Ok, nenhuma das opções dadas por ele é sensata, precisamos de um plano novo então, temos que contra-atacar! - disse o Capitão deixando de novo os nervos a flor da pele. Sua formação militar lhe deixou esses traços “heróicos”, creio que ele só não foi assassinado junto aos outros dois por não estar armado.
-- E qual é o seu plano espertão? Você viu a agilidade que os guardas da tripulação foram atacados e nossa comunicação desligada, acha mesmo que conseguiremos lidar com eles sozinhos, apenas com os utensílios desses trajes? - respondeu Talos desacreditado.
-- Eu concordo que temos que reagir, mas não podemos fazer isso por hora, acho mais sensato cooperarmos com eles e esperar uma brecha para evitar conflitos diretos. - com isso praticamente dei um fim a discussão.
Felizmente, todos concordaram, mesmo que de mal gosto. Ainda falamos um pouco sobre o que poderíamos fazer usando a força dos exoesqueleto dos trajes e os os outros pequenos utensílios como os os braços auxiliares. Depois disso, cada um foi para seu canto esperar a volta do representante deles voltar, acho que ele está demorando um bocado…


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Adrenalina na veia não para
Momento nenhum a este se compara
Odeio quando o coração dispara
Amo este a quem tantas vidas poupara
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Chegamos a um lugar seguro! Até aqui foi uma fuga intensa, creio que não teríamos conseguido sem a ajuda do Zong, um Tsyl que resolveu nos ajudar. Aparentemente ele é contra os princípios do grupo que nos raptou, mas de alguma forma estava infiltrado lá. Enquanto esperávamos o líder voltar e fingirmos cooperar com ele, foi aí que Zong apareceu junto com um Argo, este era Pouple, o governador da província que iria nos receber, Opin, conhecida como Mar de Tinta pela coloração das águas. Pelo que Zong nos disse, eles pretendiam matar o Pouple e nos incriminar, fazendo o povo Argo ficar contra os humanos. Agora estamos escondidos em uma casa ainda em território Tsyl, porém teremos reforços Argo para nos resgatar, Pouple conseguiu contato com eles. Enquanto esperávamos, conversamos um pouco:
-- Zong, porque está nos ajudando? Você não fazia parte do grupo deles? - perguntei.
-- Eu estava lá apenas por meu pai liderar o grupo, vocês devem ter conhecido ele, porém nunca concordei com os ideais deles. - respondeu.
-- Eles dizem que precisamos nos renovar e, por isso, precisamos de destruição - Pouple entrou na conversa - Porém, o que não percebem é que nem toda renovação é boa. No caso deles, o objetivo é algo totalmente sem escrúpulos! Dizimar uma espécie inteira apenas para ter o controle total do planeta? Eles são dependentes de nós deles, o que pretendem fazer sem nós por aqui? Disso eu digo: esforço perdido não é aquele que falhou em levar ao sucesso, mas sim aquele que teve sucesso em levar à ruína.
-- Sábias palavras, velho “polvo” - disse o Capitão Mone, Pouple pareceu um pouco ofendido com o “polvo”, mas relevou - Porém eu até dou razão no povo deles querer dar a volta por cima visto a forma que vocês o trataram em sua história. Não dou razão a eles quererem exterminar uma espécie inteira, porém nós humanos já passamos uma situação semelhante com meus antepassados por conta da cor da nossa pele.
-- Então você deve saber que dá para resolver este tipo de situação pacificamente, porém isso leva tempo. - comentou Evelyn.
Após esse pequeno papo, o socorro veio e fomos levados a terras Argo. Por lá, soubemos que nossa nave foi sequestrada pelo grupo terrorista e conseguimos estabelecer contato com os humanos, assim sabendo que pela falta de contato uma expedição de resgate já havia sido enviada e logo nos resgataria. Agora, já estou com os outros humanos, Zong ficou junto com os Argo mesmo, se arriscasse voltar para sua terra era capaz do grupo de seu pai o matar. A história do primeiro contato direto entre humanos e Txakpayanos acaba por aqui, mas sinto que ainda há muito para acontecer neste planeta, nada ficou resolvido desta vez.





Nota: eu não tive tempo de revisar, terminei o texto bem em cima da hora para o desafio. Caso haja algum erro gramatical, de concordância ou simplesmente algum trecho estranho, peço que me comuniquem por gentileza para que eu possa arrumar!

3 comentários:

  1. Olá, Edson!

    Ao contrário dos outros, o seu, eu consigo comentar por aqui porque é mais amplo. Eu achei a história muito interessante, pena que você não teve tempo para desenvolvê-la bem - ia ser maravilhoso se tivesse. Sei que vai conseguir completá-la ainda.

    Existem diversos errinhos de português sim, correntes, por isso, eu acredito que sejam coisas que podemos anotar para falar no Caneta. Como a questão do uso de essexeste, vocativo, etc. Nada demais e que diminua de toda forma o trabalho final.

    A narrativa é interessante, você utilizou os aspectos pedidos no desafio, eu realmente fiquei curiosa como você encaixou o nosso mascote, ele parece tão incrível nessa narrativa! Amei mesmo! ♥

    Gostei da poesia dentro também. Sugiro mesmo a revisada e concluir o conto, coisas que você já sabe que deve fazer. Qualquer coisa, tamo aí. ;)

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  2. [Estou participando do DESAFIO MAR DE TINTA do GRUPO CANETA TINTEIRO]
    Olá, acho muito interessante a sua forma de escrever, pois mistura prosa e poesia, algo que eu também faço em alguns escritos meus. 
    Quanto ao seu conto ele é interessante, pois você retratou um conflito bélico futurista entre diferentes seres vivos e com um reforço bem criativo de uma abordagem mais detalhada e descritiva.
    Os extremos trabalhados na sua história são bem criativos, uma vez que na prosa você usa linguagem um pouco mais técnica que remete um pouco ao método de escrever de um biólogo ou de um sociólogo, enquanto que os versos são narrativos e líricos, porém mais acessíveis.
    O que eu sugiro é o que a Mille também sugeriu, você completar o seu conto e revisar alguns aspectos de concordância. 
    Parabéns pela prosa poética com enfoque em ficção científica!

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